Coisas surpreendentes estão acontecendo na economia russa. Entre elas está a adoção generalizada do yuan, impulsionada por desentendimentos com o Ocidente. No entanto, alguns especialistas acreditam que a disseminação da moeda chinesa na economia russa já atingiu seu auge. Além disso, os países que fazem negócios com a Rússia estão sob crescente pressão dos Estados Unidos. Recentemente, Washington advertiu os bancos sobre a ajuda a Moscou, o que complicou várias transações. No entanto, a situação atual não afetou muito o desempenho da moeda chinesa na economia russa; a importância do yuan no espaço econômico russo aumentou significativamente.

A diferença nas taxas de empréstimo overnight em yuan entre a Rússia e a China aumentou drasticamente após os comentários de Janet Yellen, a Secretária do Tesouro dos EUA. Em dezembro de 2023, ela declarou que a Casa Branca tomaria medidas decisivas contra as instituições financeiras russas. Desde então, essa diferença persistiu, e os bancos estatais chineses aumentaram as restrições ao financiamento de clientes russos.

Nos últimos dois anos, a Rússia ultrapassou a Alemanha, a Austrália e o Vietnã em volume de comércio com a China, que aumentou 60%, chegando a US$ 240 bilhões em 2023. A China se beneficia da compra de petróleo russo e outras commodities com desconto, enquanto a Rússia ganha acesso a uma ampla gama de bens de consumo e de alta tecnologia.

Segundo analistas da Bloomberg, a "yuanização" da Rússia, um processo relativamente recente que começou no início de 2022 e ganhou impulso significativo desde então, é impressionante. A empresa de informações financeiras estima que a parcela do comércio da China liquidada em yuan aumentou no primeiro trimestre de 2024, com a Rússia respondendo por 29% do crescimento desde 2021. Notavelmente, Moscou e Pequim realizam quase todo o seu comércio em yuans, e as exportações da Rússia em yuans excedem suas vendas para a China.

Alguns analistas observam que alguns dos principais bancos chineses pararam de aceitar yuans da Rússia, temendo sanções secundárias dos EUA e afetando negativamente as importações. Esse problema foi resolvido posteriormente com a ajuda de bancos regionais menores que podiam processar pagamentos.

Alexander Gabuev, diretor do Carnegie Russia Eurasia Center, afirmou que o uso do yuan está experimentando um certo pico e está condicionado principalmente à quantidade de comércio entre a Rússia e a China. Ele também mencionou que a ampla adoção do yuan como moeda para acordos com outros países será um fator determinante.

No início deste ano, a moeda chinesa ultrapassou a americana em termos de depósitos em bancos russos. De acordo com especialistas, ela se tornou a principal moeda estrangeira para poupança na Rússia. Em 2023, o volume de depósitos em yuans na Rússia dobrou, chegando a US$ 68,7 bilhões.

Isso é várias vezes maior do que o mesmo indicador nas principais economias offshore que usam o yuan, como o Reino Unido e Cingapura.